quinta-feira, 17 de outubro de 2019

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Querido diário, ou o crl que tu és.
Hoje foi um dia muito especial porque houve de tudo.
Primeiro, acordei de madrugada porque os fdp dos estudantes da UM, que este ano andam mais mansinhos nas noites de quarta feira, decidiram dizer palavrões logo de manhã. Coisas sexistas e racistas que alguns porcos benfiquistas gostam. Não por serem benfiquistas, mas por terem benfiquistas que representam a raça de fdp a que pertencem.  E gritaram essas coisas para me acordar, porque, há uns anos (meses... dias... horas... eu sei lá, quando se dorme pouco uma pessoa perde a coisa que se diz que se perde quando se perde a noção do tempo) eu liguei para a PSP (coitados, não são fascistas, mas há muita gente de esquerda com raiva a fardas e por isso esforça-se para que sejam todos fascistas, que é para haver uma categoria a menos) quando eles só faziam barulho das praxes até às 4 da manhã. Agora fazem depois das 5:30. O que é simpático, porque deixei trabalho para amanhã (hoje) que podia ter sido feito no dia em que tinha coisas mais bonitas para fazer.
Portanto, acordei. E fiz coisas interessantes que não interessam para a história, até que fui dar três aulas muito diferentes sobre a mesma coisa em que alunos diferentes acham que eu não fiz nada apenas porque trabalhei bastante para eles acharem isso.
Fui, a seguir, trabalhar para as masmorras. O trabalho foi produtivo e escolhi, dos meus alunos, aqueles que iriam ser fustigados na próxima semana. Alguns até gostariam de ser escolhidos todas as semanas, mas hoje houve muitas surpresas - alguns, que quereriam ir de livre vontade, irão obrigados, o que não lembraria ao Marquês do Sado. Se estão  pensar que estou a dizer coisas porcas é porque sois uns anormais e devíeis estar no crl. Se não estais no crl, ficareis a saber que, a seguir, fui para dar uma aula (ao preço que estão, é dar mesmo). Ia carregado, e o meu aluno Lenine (não consta que seja comunista) ofereceu-se para abrir a porta com as chaves que pendiam do meu polegar e indicador. Eu agradeci enquanto pousava parafernália em cima de uma mesa. Ele pegou nas chaves e tentou abrir a porta. Eu disse que era ao contrário. Só que "ao contrário" não quer dizer porra nenhuma. Queria dizer que devia rodar a chave para o lugar que é suposto (direita, cruzes credo) e, ao mesmo tempo, a maçaneta para a esquerda. O que é estúpido, mas resulta para as portas da minha escola. E a seguir, ia ensinar coisas lógicas e científicas, tipo coisas.
O Estaline (já tinha passado uns anos desde essa parte da história) passou-me as chaves, e fui dar a aula. Tudo pronto, até que dei por falta do meu telemóvel, que era preciso para recolher as respostas dos alunos através de uma coisa pseudotecnológica que permite dar aulas tradicionais mas com um ar mais fixe e em que os alunos não percebem que estão a trabalhar. Mas entretanto, e como ainda não comecei a explicar porque é que o James Joyce era um burro sem vida, e estou cansado c'ma'merda, vou ler Saramago (que foi uma das referências de hoje, mas muito mais tarde) e vou dormir. Que tenho de despachar encomendas cedinho. Se me apetecer, continuo a história. Se morrer sem a contar, qsf. Há mais histórias por aí. Boa noite. 

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