domingo, 20 de outubro de 2019

Canção de setembro, de Geoffrey Hill

Canção de setembro, Geoffrey Hill

nascido 19.6.32—deportado 24.9.42

Indesejado poderás ter sido, intocável
não foste. Nem esquecido
nem poupado no tempo devido.

Como esperado, morreste. As coisas andaram,
suficientes, até tal fim.
Apenas tanto Zyklon e pele curtida, terror
patenteado, tanto choro de rotina.

(Tenho feito
uma elegia em causa própria
é certo)

Setembro engorda nas vinhas. Rosas
descamam-se nas paredes. O fumo
de incêndios inofensivos chega aos meus olhos.

Há fartura. Já passa dos limites. 

Geoffrey Hill
New and Collected Poems, 1952-1992
Versão de Manuel Anastácio

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