sábado, 30 de junho de 2018

Oscar Tabárez e a Educação Pública




Partilhar informação errada está sempre errado, mesmo que a mentira possa, à primeira vista, favorecer-nos.

A informação acima apresentada numa imagem que está a ser amplamente e acriticamente divulgada no Facebook, não corresponde à verdade. Seria bom demais que alguém aproveitasse as luzes do estrelato futebolístico para passar uma mensagem importante. Infelizmente não foi o que aconteceu.

Diz a imagem que Oscar Washington Tabárez, selecionador do Uruguai pediu ao governo para que aprovasse uma lei que garantisse 6% do PIB do país para a Educação Pública. Teria dito, inclusive, que “de nada adianta ganhar o Mundial se nossas crianças não sabem sequer onde fica a Russia”. Mantenho o texto como aparece, com a evidente tradução em português do Brasil e sem acentuação em Rússia.

Não é dito nessa imagem, mas a citação é de uma carta que teria sido escrita pelo técnico do Uruguai, mas que é, obviamente, apócrifa, ou seja, não foi ele quem a escreveu.

Quem o deixou bem claro foi a filha de Tabárez, Tânia Tabárez, jornalista da TVCiudad, num tweet onde diz: “Se é para inventar uma carta do meu pai, ao menos façam-na sem erros ortográficos, não? Asquerosa, esta nova modalidade de faltar ao respeito às idéias e silêncios das pessoas” e termina com uma hashtag a apelar para as pessoas não compartilharem informação sem a checar primeiro.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Miranda do Douro, casa das quatro esquinas.

Deixei de escrever poesia, ou de chamar poesia àquilo que escrevo, há algum tempo, por desencanto. Hoje em dia, a maior parte dos cultivadores da poesia são idiotas que não sabem conjugar duas ideias seguidas e se socorrem da liberdade do verso, branco ou não, e dos sentidos ocultos, para vestirem a sua burrice com palavras soltas, enquanto esperam ser reverenciados por palavras que não são suas. Há alguma utilidade sociológica na leitura da má poesia. Muitas vezes, mais que na boa. A boa poesia traz o desconforto exaltante da profecia. A má, traz a imagem fiel do que é ser humano numa determinada época, mas sem os filtros da erudição, do génio ou, simplesmente, do bom gosto. Não posso dizer que estas qualidades me sirvam de vestimenta. Ou que alguma vez me tenham servido. Mas vou voltar a escrever. Não por ser útil. Não ser bom a fazê-lo. Não por ser mais clarividente que os outros. Mas porque é preciso. Não sei porque é que é preciso. Mas é.