segunda-feira, 2 de julho de 2018

A poesia inunda os passeios, de Santiago Montobbio

Santiago Montobbio
A poesia inunda os corredores, as salas de aula,
as ruas, as alcovas. A poesia
é tão livre como um pássaro
e não se resiste a deixar de ser mistério.
A poesia povoa-nos, inunda-nos, penetra-nos.
Pertencemos à poesia. A terra é poesia.
Mas também o é a noite, o medo,
as fauces do tempo e o esquecimento.
Também a poesia é seu signo.
Se abandono a poesia, do humano abdico.
Mesmo que seja no silêncio que nela vivo.

Santiago Montobbio
La poesía es un fondo de agua marina


Santiago Montobbio é catalão, nascido em Barcelona em 1966. Formado em Direito e Filologia Hispânica pela Universidade de Barcelona. Professor de Teoria da Literatura e Crítica Literária da Universidade Nacional de Educação à Distância (UNED).  Estreou-se como escritor na "Revista de Ocidente" em maio de 1988. 

Autor de livros de poesia reconhecidos como "Hospital de Inocentes" (1989), "Ética confirmada" (1990), "Tierras" (1996), "Los versos del fantasma" (2003) e "El anarquista de las bengalas" (2005). Ocupa a vice-presidência espanhola da Association pour le Rayonnement des Langues Européennes (ARLE), de Neuilly-sur-Seine, sendo correspondente em Barcelona da sua revista Europe Plurilingue. Foi finalista do prémio Quijote 2006 da Asociación Colegial de Escritores de España, atribuído ao melhor livro publicado no ano.

Sobre o seu primeiro livro, "Hospital de Inocentes", Juan Carlos Onetti escreveu que, de modo misterioso, sentia que este coincidia com o seu estado de ser quando escrevia. Camilo José Cela considerou os seus poemas “belos e profundos”; Ernesto Sabato disse que eram magníficos; Miguel Delibes "invejou" a força do seu verso e Carmen Martín Gaite comoveu-se estranhamente com estes poemas saídos de um poço de escuridão e verdade.

Coautor de um livro de arte, "Els colors del blanc" (2008) com o pintor Lluis Ribas. As suas conversas com a sua tradutora e espcialista na sua obra, Amaranta Sbardella també, foram publicadas sob o nome "Escribo sobre el aire del olvido" (2012). No Brasil foi publicada em 2010, pela Ateliê Editorial, uma antologia ("Onde treme o nome - Donde tirita el nombre") traduzida por Fernando Fabio Fiorese Furtado. 

Depois de vinte anos de escassa produção, em 2009 voltou a escrever com um vigor redobrado, dando a conhecer uma vigorosa tetralogia constituída por "La poesía es un fondo de agua marina(2011), "Los soles por las noches esparcidos" (2013), "Hasta el final camina el canto(2015) e "Sobre el cielo imposible(2016). Em 2012 ganhou o prémio Prix Chasseur de Poésie, da editora francesa Le Chasseur ábstrait éditeur.

Créditos fotográficos: La nave de los locos

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