terça-feira, 12 de junho de 2018

Miranda do Douro, casa das quatro esquinas.

Deixei de escrever poesia, ou de chamar poesia àquilo que escrevo, há algum tempo, por desencanto. Hoje em dia, a maior parte dos cultivadores da poesia são idiotas que não sabem conjugar duas ideias seguidas e se socorrem da liberdade do verso, branco ou não, e dos sentidos ocultos, para vestirem a sua burrice com palavras soltas, enquanto esperam ser reverenciados por palavras que não são suas. Há alguma utilidade sociológica na leitura da má poesia. Muitas vezes, mais que na boa. A boa poesia traz o desconforto exaltante da profecia. A má, traz a imagem fiel do que é ser humano numa determinada época, mas sem os filtros da erudição, do génio ou, simplesmente, do bom gosto. Não posso dizer que estas qualidades me sirvam de vestimenta. Ou que alguma vez me tenham servido. Mas vou voltar a escrever. Não por ser útil. Não ser bom a fazê-lo. Não por ser mais clarividente que os outros. Mas porque é preciso. Não sei porque é que é preciso. Mas é.

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