segunda-feira, 27 de abril de 2015
Da ininsistência
Para o cristianíssimo apóstolo, bem amado das mais pagãs e sedutoras divindades,
Paulo Brabo
O tempo, que não existe, tudo destrói.
Tudo corrói
Tudo.
O tempo tudo anula,
Tudo engole,
Tudo apaga,
Tudo arrasa
Tudo.
Caem os Impérios, revelam-se os mistérios,
Povoam-se ermitérios e nascem vivas,
ressurretas,
as almas mudas, esquecidas, dos cemitérios.
O nada explode,
O tudo encolhe,
O algo foge.
O burro aprende.
O inevitável suspende o seu olhar
E retrocede.
O maior inimigo, rendido, cede.
O Tempo tudo constrói
sobre os membros mortos das suas vítimas.
O Tempo, que não existe, insiste em ser,
e, não existindo, nele tudo insiste em converter.
sábado, 18 de abril de 2015
Legendas I
terça-feira, 7 de abril de 2015
vii
segunda-feira, 6 de abril de 2015
vi
A direita em Portugal não é necessariamente fascista, embora viva embebida de conceitos e valores fascistas. Por isso, pode reclamar para si alguma defesa do indivíduo, em contraste com a defesa do coletivo pela esquerda. Entenda-se, contudo, que, tal como já disse, o indivíduo apenas interessa a esta ou a qualquer outra direita, dita fascista ou não, enquanto líder das forças unidas e consensuais da sociedade, enquanto empreendedor capitalista.
domingo, 5 de abril de 2015
Dos anjinhos aos pés da Virgem do Sameiro
Que o Santuário do Sameiro é um monumento ao fascismo quase toda a gente sabe. Hoje, chamou-me a atenção os pés gastos da apocalíptica Senhora. Os devotos peregrinos passam as mãos, rente à cabeça da serpente calcada e persignam-se perante tamanha autoridade. Contudo, olhando mais abaixo, apercebemo-nos que não é apenas a serpente a sofrer com o peso da imaculada. Os anjinhos são puras personagens de um filme de horror. Crianças presas num suplício que a sua inocência não consegue explicar.
v
Talvez seja romantismo primário, mas onde os Bracarenses vêem um Bom Jesus de cara lavada vejo eu pedra erodida. Os profetas e as figuras alegóricas nem sempre se conseguiam identificar debaixo dos líquenes neles depositados por um século de humidade minhota. Agora, o granito aparece no seu estéril resplendor fazendo lembrar cimento, e custa-me a crer que esta violenta raspagem não encurte a vida das escultóricas figuras, como o São Longuinhos, rodeado de andaimes, pronto para a lavagem.
sexta-feira, 3 de abril de 2015
quinta-feira, 2 de abril de 2015
iii
Será que um pão dava para dez pessoas?
OK. Vou ser didático. O dízimo era a décima parte do rendimento que os crentes judeus tinham de pagar aos sacerdotes. Regra doutrinal que depois foi praticada, sendo às vezes obrigatória e outras vezes voluntária, dentro de outras denominações religiosas ou como imposto civil em vários Estados ao longo da História. Nada a ver com o pão ázimo, ou pão sem fermento usado pelos judeus nas suas Festas da Páscoa, de acordo com as indicações de Moisés.
Assim se fala em bom religionês.